LEITURA DO POEMA “O CREPÚSCULO DA TARDE”
(poema de Baudelaire)


Arivaldo Leandro da Silva Monte

Universidade Federal do Rio Grande do Norte



    No século XIX, vivem-se os resultados do apogeu da Revolução Industrial iniciada no século passado. A ciência e a tecnologia foram responsáveis pela mais profunda transformação na vida das pessoas, principalmente na vida dos trabalhadores, que de um momento a outro se viram em meio a uma parafenalha de máquinas que substituíam a mão de obra em nome de uma ciência e de um progresso, do qual ele, certamente não fazia parte.
    Neste poema o olhar de Baudelaire não é apenas o olhar do flâneur, aquele que vagueia a passos lentos, observando e admirando tranquilamente a multidão em volta de si. Paris, a grande Metrópole, durante o dia uma realidade inexorável pela sobrevivência, durante a noite uma realidade de devaneio e fantasias. O endereço desse olhar é bem mais profundo e revelador que uma simples imagem, muito embora seja através dessas imagens que vamos encontrar o escopo das verdades humanas em dada multidão. Se em muitos momentos o degredo e a solidão da alma humana encontram refúgios por alguns breves minutos, com certeza o anoitecer fará parte dessa brevidade. Contudo, é também com o véu da noite que se comprazem os instintos humanos e o que era solidão se transforma em inquietude e a inquietude em devaneio. A metamorfose brutal se alenca no “doce anoitecer” para sorver as pobres almas cansadas. A noite é um refúgio aberto a todos, é o vinho que embriaga e afasta cada vez mais o espírito do homem para longe da realidade atroz, e traz consigo a fantasia da felicidade, mesmo que seja por uma noite apenas, e assim, ela se transforma em uma imensa alcova no céu:

É doce o anoitecer, que é amigo do réu;
Como um cúmplice vem, tão veludoso; o céu
Fecha-se lentamente – ele é uma alcova enorme
E muda o homem inquieto em fera que não dorme
     
    Porém, toda essa atmosfera noturna tem um preço. Nada mais degradante para a humanidade que encontrar como único refúgio da sua solidão e desalento, o próprio desejo daquilo que lhe é mais primitivo – o sexo, ou daquilo que lhe provoca vergonha como a embriaguez. Mas estas são apenas meras consequências de uma outra transformação, bem mais sutil e veludosa que o anoitecer, chamada de modernidade, aquela que evoca a “exploração do homem pelo homem” e espalha seus tentáculos pela cidade. A palavra surge como uma grande onda trazida por um furacão, destruindo o passado, transformando o presente e oferecendo um futuro completamente obscuro. O artesão e o camponês são jogados para longe e em seguida retornam desprovidos de seus bens, certos que agora serão obrigados a vender sua mão de obra para a indústria, e a trabalharem de dez a doze horas por dia em troca de pequenos salários, apenas para que possam se manter vivos. As mulheres serão obrigadas a “trabalhar apenas para manter sua miserável casa. Para o restante, que se prostituam!” (LE GOFF, 1998, p.44).
    Mesmo assim a fantasia da modernidade se mantém incólume na mente humana, fazendo da sua realização transformadora e imediatista o principal elemento de felicidade dos homens, alegrias e prazeres momentâneos é tudo que o homem deseja e é o que mais a modernidade pode oferecer. Aqui o passado não interessa em nada, a tradição se torna um impedimento ao progresso da modernidade, o homem não atenta para os perigos da perda da memória e se deixa envolver pelas vãs promessas de um futuro melhor, pautado nos pensamentos Positivistas. Assim se fortalece e se consolida o pensamento burguês a quem mais interessa essas transformações. É Berman (2000) que nos adverte quanto aos perigos dessas súbitas transformações:
Ser moderno é encontrar-se em uma ambiente que promete aventura, poder, alegria, crescimento, autotransformação e transformação das coisas em redor – mas ao mesmo tempo ameaça destruir tudo o que temos, tudo o que sabemos, tudo o que somos. (p.15)

    Mas o poeta vê além dessas toscas aparências da modernidade o reclame do operário, do artesão e do trabalhador do século XIX e, ao anoitecer, traduz a agonia do dia inteiro à liberdade dos prazeres da noite, o alívio por um instante é tudo o que a alma precisa:


Desejam-te por certo, ó suave anoitecer,
Estes que sem mentir hão de poder dizer:
Nós trabalhamos hoje! É a tarde que alivia
As almas que devora uma atroz agonia,
O sábio mais tenaz, pesada a fronte em chama,
O cansado artesão que volta à sua cama.

    Estas almas em agonia se eternizam sem perspectivas vindouras, a incerteza é o alimento do sábio e do artesão. O primeiro porque diante de tal complexidade fenomênica é devorado pela mesma onda, e nem mesmo toda a sua sabedoria, toda a ciência, poderá ajudá-lo com seu espírito atormentado. Tão impotente quanto o segundo, ambos são arrastados pelo mesmo turbilhão. O sábio em volto entre pensamentos com a “fronte em chama”, o artesão, sem posse desse espírito reflexivo, resta-lhe apenas o conforto da “sua cama”.
    A modernidade não faz acepções, ela tenta agradar a todos e o que é fabricado em série serve para um e serve para muitos. Assim o homem estará sempre satisfeito e alegre consigo mesmo, seus desejos foram atendidos, há uma reciprocidade alimentada pela indústria da modernidade que se diz preocupada em atender às necessidades do homem. Este pensamento induz à segurança e à felicidade momentâneas, afinal, existe alguém lá em cima preocupado com meu bem-estar. Em Dialética do esclarecimento Adorno (1985) observa: “O fato de que milhões de pessoas participam dessa indústria imporia métodos de reprodução que, por sua vez, tornam inevitável a disseminação de bens padronizados para a satisfação de necessidades iguais” (p.100). É bem certo que Adorno está no século XX, mas a definição de fabricação em série para satisfazer necessidades iguais começa ainda no século XVIII e ganha força no século XIX com a expansão das fábricas, usando a força motriz da máquina a vapor.
    No entanto, são poucos os que podem verdadeiramente desfrutar dessas novas comodidades que, a bem da verdade, estão a serviço de uma classe dominante. Assim é que a aristocracia e a burguesia tomam conta dos novos valores, os valores de troca da moeda, que deixam os comerciantes e banqueiros mais ricos e o operário cada vez mais pobre. Essa tendência da modernidade é algo assustador, a miséria humana passa a ser cada vez mais explícita nas metrópoles. Mais uma vez será o poeta o grande revelador desse panorama. Paris é seu berço, é sua casa, é seu refúgio nela a modernidade também se apresenta de maneira assustadora em forma de demônios doentios e pálidos:


E demônios malsãos, nestes pardos instantes,
Acordam gravemente, como os negociantes,
E movem ao voar o postigo ou a porta.
Através dos clarões que a ventania entorta,
O deboche na rua acende lume infame,
E como um formigueiro encontra o seu forame.

    A descrição é puramente reveladora dos atrativos da metrópole moderna: no “crepúsculo da tarde”, os comerciantes abandonam seus negócios, saem de seus afazeres com suas aparências pálidas como os banqueiros, aliviados com uma doce sensação de liberdade e voam através da porta. Lá fora, os clarões das luzes, das luminárias, dos letreiros que se entortam com a força do vento, anunciam um novo despertar do “deboche”, do “lume infame” das luzes dos bordéis e cabarés que no momento são os principais atrativos para o divertimento e para o esquecimento diário do árduo trabalho. “E como um formigueiro encontra seu forame” o homem encontra seu destino, ali suas mágoas serão esquecidas, suas angústias serão reveladas a uma prostituta qualquer, provavelmente a mais astuciosa, e que queira ouvi-las em troca de algumas moedas. Todos se dirigem para o mesmo local, enfileirados como formigas, vão comer e beber, certos de uma felicidade plena, de uma alegria duradoura aos efeitos do vinho. Assim o homem moderno se define aos olhos do poeta nessa estrofe, trabalho árduo durante o dia e “demônios malsãos” durante a noite.  
    Este formigueiro vai traçando sua passagem pelas ruas, “uma escondida estrada”, os homens escolhem atentamente o lugar da sua preferência como se preparasse uma “emboscada”, há gosto para todos na modernidade. Mas esta medida tem também um alto preço de valor de uso, diz o poeta:


Vai forçando por tudo uma escondida estrada,
Tal como um inimigo a tentar a emboscada;
Move-se pelo bairro, o que o lodo consome,
E como um verme rouba ao homem o que come.

    “O que o lodo consome” são restos orgânicos, são dejetos expelidos ou desprezados pelo próprio homem, tidos como lixo, era esse o entendimento daquela época, pois o lodo, só recentemente, com os novos estudos da ciência biológica, começou a ser visto como matéria orgânica que pode trazer vida. Até então, o lodo era sinônimo unicamente de sujeira. Assim podemos pensar na imagem do homem que o poeta nos quer revelar. A metáfora da multidão que segue pelas ruas como as formigas, também pode ser entendida como uma colônia de vermes rastejantes e desprezíveis, o que conotaria a mistura de toda sorte de gente, uma multidão caminhando pelas ruas, saltando sobre esgotos, pessoas esbarrando-se uma nas outras a procura de uma solidez para seus desejos, sem uma consciência prévia de tudo o que está acontecendo em volta, é um único corpo, uma massa viva e primitiva. A multidão move-se como uma forma orgânica unicelular, como um verme que está consumindo o próprio homem, assim é a modernidade uma grande massa devorando o homem, com seus valores, com suas tradições, com suas crenças. Também é assim que Berman (200) descreve a modernidade:
Essa atmosfera – de agitação e turbulência, aturdimento psíquico e embriaguez, expansão das possibilidades de experiências e destruição das barreiras morais e dos compromissos pessoais, auto-expansão e autodesordem, fantasmas na rua e na alma – é a atmosfera que dá origem à sensibilidade moderna. (p.18)

    A paisagem da modernidade se movimenta dialeticamente sem parar entre dia e noite, ela avança sobre a cidade em todos os aspectos nas casas e restaurantes, provocando um ruído disperso nas cozinhas mais modernas, trazidos pelo apito da panela de pressão  um produto das fábricas, produzida em série a partir de 1905, está agora ao gosto da cozinha e à altura do progresso. O teatro não é nenhuma novidade, mas ir ao teatro é também status, somente os mais abastados, os de classe econômica mais elevada, aqueles que podiam ter uma indumentária apropriada para a ocasião é que podiam frequentar esse tipo de ambiente. Aí estavam os banqueiros, ricos comerciantes, burocratas do alto escalão do governo e suas senhoras douradas de jóias:


Ouve-se em cada canto a cozinha assobiar,
O teatro estremecer, a orquestra ressonar;
Nas mesas dos cafés, sonoras de remoques,
Vão conversando as cortesãs com os escroques,

    O terceiro e o quarto verso desse quarteto nos dão a mais verdadeira imagem da heterogeneidade da multidão. Em meio àquilo que há de mais refinado na época, o teatro, vê-se nas calçadas de Paris, o deboche, “Nas mesas dos cafés” Baudelaire observa as brincadeiras maliciosas das cortesãs, as piadas, as gargalhadas, as conversas dessas mulheres com os malandros, os escroques daquela época, homens de caráter suspeito, porém bem trajados de maneira que pudessem se misturar mais facilmente à multidão, atentos para uma investida, para tirar vantagens de alguém menos esperto, estes homens não têm escrúpulos, são homens da noite, vivem para a noite, para as festas, o vinho, as orgias, não se importam com o dia de amanhã, tudo que querem é uma noite prazerosa com suas amantes, roubam para elas e para garantir a satisfação dos seus desejos. A noite é abrigo de todos, “os ladrões vão logo principiar seu trabalho também,”.


Os ladrões que mercê nem trégua alguma têm
Vão logo principiar seu trabalho também,
Docemente forças caixas fortes de bancos,
Para vestir a amante e dormir pelos bancos.

    Mas a cidade da luz não comporta tanta perturbação sem o ônus da modernidade. A população espremida em cubículos, homens, mulheres e crianças dormem no mesmo quarto, respiram o mesmo ar fétido das latrinas abertas e fazem sexo na frente de suas crianças, quando não o próprio incesto é deveras usual nestas famílias. Essa situação é um estopim para as mais diversas doenças, que se proliferavam rapidamente pela multidão, é uma realidade triste descrita por Bresciani (1998) em uma passagem do seu livro Londres e Paris no século XIX: O Espetáculo da Pobreza:
Bairros malditos, de ruas estreitas e populosas onde a cada passo se encontravam homens e mulheres acabados pela miséria e superexploração. Crianças seminuas apodrecendo na sujeira, sufocadas em antros sem luz e sem ar. Crimes, mendicância, violentas manifestações de rua. Essa era a realidade nos bairros operários de Londres e Paris no século XIX. Cidades onde praticamente não havia diferença entre homem trabalhador, pobre e criminoso. Ali rondava o espectro das multidões incontroláveis.

    Baudelaire está atento a tudo isso, apesar dos avanços da medicina, o progresso da ciência médica estava basicamente inspirado na invenção do microscópio acromático de Louis Pasteur com sua descoberta das bactérias responsáveis por inúmeras doenças e sua vacina anti-rábica, era o que de fato importava à população em geral. Quanto às outras invenções como o telégrafo, o rádio, o telefone e até mesmo a lâmpada, de imediato, mais serviram á classe burguesa. Assim, quase tudo que o capital industrial conseguiu foi levantar mais alto ainda a bandeira da classe dominante e, as palavras de ordem: Ciência, Progresso e Razão que de pouco serviam para os operários, os pobres e miseráveis que se espalhavam pelas ruas de Paris aos milhares. O positivismo científico estava, de fato, a serviço da burguesia. Até mesmo a origem das espécies de Charles Darwin impulsionou o Determinismo e alargou as diferenças entre negros e brancos, ricos e pobres.
    Para a classe dos excluídos a falta de saneamento básico, o desemprego e o abandono da população era algo que repercutia diretamente na saúde desses famintos miseráveis, lotando os leitos dos hospitais de agonizantes, e aí pobres e ricos se misturam mais uma vez e “vão para o abismo comum” – a morte. É assim que alguns “não voltarão mais para buscar a sopa perfumada” que os Hospitais e as casas de caridades ofereciam ao final da tarde como última refeição do dia, não só para os doentes, mas também para os necessitados e miseráveis que estivessem na fila com uma tigela na mão, distribuídas, normalmente, pelas casas de caridades, essa prática surgiu em Paris no segundo período do século XIX, e também foi exercida aqui no Brasil pelos hospitais na mesma época, como nos relata Magalhães  em seu artigo História, Ciências, Saúde-Manguinhos (2004):
Ao internar-se, o paciente deixava tudo o que possuía na entrada, recebia três camisas, três calças, dois pratos, uma tigela, uma moringa e dois copos — um para água e outro, menor, para os remédios. O médico prestava atendimento aos pacientes algumas vezes por semana, ocasiões em que prescrevia a terapêutica, da qual se incumbiam os enfermeiros.

    É com esse mesmo panorama da moderna Paris que o poeta, angustiado, percebe o sofrimento da multidão em meio ao um crescimento desordenado:
Fecha-te, coração, neste grave momento.


E os meus ouvidos cerra a este horrível lamento
Que vem dos hospitais quando as dores culminam!
Os enfermos a noite estrangula; terminam
O seu destino e vão para o abismo comum;
Vão enchendo o hospital de suspiros. Mais de um
Não virá mais buscar a sopa perfumada,
Junto ao fogão, à tarde, ao pé de uma alma amada.

    Despojados de seus sonhos de uma sociedade igualitária e mais justa, isolados na multidão entre máquinas, o homem não tinha muita esperança de um futuro melhor, a morte parecia a solução mais pertinente e imediata para se libertar da mais total degradação humana, este abismo com certeza oferecia a melhor alternativa para a liberdade dessas almas aniquiladas. A morte no século dezenove e em séculos anteriores era a derradeira salvação das almas perdidas e condenadas pelo pecado original, e todos aqueles que sofriam aqui teriam em promessas suas almas livres lá no céu, mas eram os camponeses que mais pagavam por esse pecado. O camponês não tem sorte com o cristianismo é o que diz Le Goff (1998):
Como ele é quase que o último a se deixar cristianizar, ele se torna para os cristãos, que geralmente moram nas cidades, o pagão por excelência, e o termo pagão, paganus, quer dizer também camponês (paysan). Essa identificação camponês-pagão não se faz para reforçar o prestígio do trabalhador por excelência que é o camponês, encarnação do homem condenado ao trabalho pelo pecado original.         (p.49)

    Assim a burguesia exercia seu domínio sobre as massas com a ajuda e o consentimento de Deus, era um pensamento moderno e, mendigar, fazia parte de um processo de salvação, rejeitá-lo podia ser um ato mal compreendido pelas regras sociais e até mesmo pela Igreja, pois desde o século XVIII como nos mostra Le Goff as novas ordens dos dominicanos e franciscanos, denominam a si mesmas ordens mendicantes (p. 51).
Ser pobre, portanto, era também uma forma de pagar penitências e livrar sua alma dos pecados, a maneira mais certa de se chegar aos céus quando não se podia contribuir com a moeda de troca do capital industrial, era então a oportunidade dos pobres e miseráveis que aos milhares mendigavam pelas ruas de Paris, e podiam também ser vistos como penitentes, por outro lado, os burgueses também salvavam suas almas dando esmolas aos pobres, como nos relata mais uma vez Le Goff: “O mendicante é quase desejado na cidade, ele permite ao burguês trabalhar pela sua salvação oferecendo esmolas.” (1998, p. 51). Dessa forma a modernidade cumpriria a sua ordem perfeita com base nos pensamentos Positivistas: a ciência e a tecnologia supostamente a serviço do homem; o progresso do capital industrial a serviço da burguesia; a razão se justificaria até mesmo naquilo que é metafísico e a esmola, que é matéria, se justificaria pela misericórdia de Deus.
    No entanto, essa ordem, quando muito gera desordem. Desses doentes, pobres e miseráveis, muitos sequer conheceram algum benefício que fosse advindo do progresso da modernidade, muitos iriam morrer da mesma forma em que viveram, sem um lar ou uma família a não ser a ilusão da noite.

 
Deles, a maior parte jamais conheceu,
A doçura do lar, como jamais viveu.

    A poesia de Baudelaire chama a atenção para um aspecto, sobretudo alarmante nos dias de hoje, é que, se a Idade Média não deu certo, também na Modernidade e na Contemporaneidade não podemos nos regozijar, em nenhum momento, de algum esmerado sucesso. Pois até hoje o homem não conseguiu acabar com as guerras, as doenças, a pobreza, a fome e a miséria que assolam o mundo. O homem continua a explorar o homem e a escravisá-lo enquanto mão de obra.  Ainda se luta desesperadamente pelas oportunidades de empregos, e a maioria esmagadora da humanidade não tem o que comer ou onde morar. No mundo cerca de 5 milhões de crianças morrem todo ano de fome e desnutrição. Nossos hospitais continuam lotados, e segundo dados da UNESCO 850 milhões ou 20% da população mundial continua completamente analfabeta. Vale refletir sobre “O crepúsculo da tarde”: se podemos ter a modernidade como forma de triunfo da humanidade, então é porque a ciência e a tecnologia ainda estão sob o poder de uma classe dominante e vivendo a serviço dela, o que nos leva a dizer que, os pensamentos de liberdade do Humanismo Renascentista ainda estão tão atuais quanto os pensamentos do homem de hoje. A diferença é que, antes, o Renascimento libertou-se do teocentrismo, agora, precisamos nos libertar da dominação do maquinocentrismo e de seus dominadores.

BIBLIOGRAFIA:


BRESCIANI, Maria Stella Martins. Londres e Paris no século XIX: O Espetáculo da Pobreza, Ed. Brasiliense, 1998.

LE GOFF, Jacques. Por amor à cidade: conversações com Jean Lebrun. Trad. Reginaldo Carmello Correa de Moraes. São Paulo: Unesp, 1998. (p. 25-67).

Sônia Maria de Magalhães (2004) História, Ciências, Saúde-Manguinhos

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