A PALAVRA



Flecha certeira de sinuoso encanto,
Tem arco astucioso de bela fama,
Que desliza em voz rouca e branda,
Seduz à noite e joga à luz do pranto.

Silenciosa forma em nuvens brancas,
Ágil como o Samurai, dilacera em dor,
E desfere espada profunda no corpo,
Esmaga o guerreiro com mais doce fervor.

Porém, o entusiasmo ardil do arqueiro
É o mesmo que sucumbe ante o amor.
Perigosas águas de margens profundas
Desfraldai rede de mistério do pescador!

É malha fina de sussurros pontiagudos,
Feito lança de bravo lanceiro algoz.
Teu laço cativo, de lábios róseos seduz.
Olhai a densa névoa do ímpeto da paixão!

Esta que desfere golpe tão certeiro
Quanto o arqueiro, fere silenciosamente.
A que afaga é a mesma que vil destrói,
Foste tu, palavra ferida, elo inconstante!

Que subjuga sedutora e cortante,
De voz macia e fogo flamejante.
Lançai teus lexos e sintagmas à sorte!
Palavra, tu és a vida, tu és a morte.


Leandro Dumont
20/10/2007


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